Comecei a suspirar forte e as lentes ficaram levemente embaçadas. Eu contrariei meu corpo, segurando qualquer vestígio de lagrimas que pudessem vir, mas minha mente ainda me martirizava com as perguntas. Comecei a ceder sobre elas: “O que aconteceu? Eu pensei que sabia melhor do que ninguém sobre nós dois, porque vc me dizia que era para sempre. Eu dei o melhor de mim, para dar tudo que vc precisa, e no fim, vc se afastou, foi embora, tirou o que precisava e se foi. Parece que eu escuto vc me dizer “Adeus, só dei o que vc merecia”. E eu merecia mesmo?”. As lágrimas já molhavam minhas vestes quando me perguntei isso. O nó na garganta era sufocante, mas preferiria segura-lo a deixar parecer minhas lagrimas.
Decidi que seria melhor levantar e dar uma volta pelo parque verde, por mais que ele me trouxesse lembranças suas, ainda era aquele parque de quando eu era criança, ainda era aquele parque que ri com meus amigos e tive experiências fantásticas e inesquecíveis e vc não iria roubar isso de mim.
Passando pelas arvores eu vi vários casais de mãos dadas, se abraçando, outros se beijavam apaixonadamente. Sentei na grama novamente. Como pode? As pessoas diziam que eu ia esquecer, que o tempo levará a tristeza e as lágrimas. Este futuro está próximo? Porque não agüento mais perder tempo da minha vida pensando no que poderia ter sido, ou melhor, no que era. Eu ainda me lembro de tudo que aconteceu, lembro-me de quando vc dizia para mim lhe esperar, vc me mandaria cartas e estaria tudo bem, mas das poucas que foram enviadas, menos ainda foram boas e a ultima veio só para ferrar com tudo. Eu não posso esquecer, porque eu sou uma garota, e garotas não esquecem dessas coisas. Cada lágrima derrama conta e cada uma, deixa uma cicatriz no coração, porque somos assim, aprendemos com nossas decepções, mas elas sempre são dolorosas. Sempre teremos algo para esconder bem no fundo de nós mesmos, e o que eu queria agora, era esconder toda essa magoa e seguir em frente, porque ela estava fazendo muito mal para mim, e de alguma forma, meu orgulho também estava sendo afetado por vc ainda ter algum domínio sobre mim. Eu detesto o que aconteceu, mas eu não vou afundar, porque vc já deixou de merecer minha atenção faz algum tempo, sim um tempo multiplicado por dois.
Saltei da grama e continuei a andar. Vc me fez bem, mas também me fez mal, a maioria das coisas são assim. Mas eu sou forte suficiente para entender e aceitar toda essa situação, não será fácil, mas não será impossível.
Eu caminhei até o final do parque e olhei para aquela arvore que ficamos e rimos por tanto tempo. Eu ri. No final das contas, as lembranças foram boas, mas vc era uma pessoa encasulada, e eu sou um espírito livre, meu limite são as galáxias mais longínquas, e eu preciso de asas.
Afinal percebi, olhando para o céu, que ainda dividíamos as nuvens e a cor azul que ele nos dava, então, rezando para que vc sentisse isso, eu disse: “Adeus para vc”.
Eu me lembrarei desse dia. Um parque que deu começo e fim para uma historia, pode ser triste, mas eu NÃO ESTOU AFUNDANDO.
-by Elize Blackmore
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