terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Nightmare - Parte 1

Meu trabalho ao entrar naquela baile da virada no enorme castelo dos Calliham era simples: encontrar a porta que levava até o terraço e plantar uma pequena luminária com localizador via satélite para colocarmos finalmente nosso plano em prática.
Jéssica e eu entramos vestidas para a noite de gala que se alongaria até o sol nascer, ou seja, muitas pessoas dançando, gente bêbada e casais se escondendo por todas as partes, era o ambiente perfeito.
Saimos do carro alugado e nos misturamos com todos os outros convidados. Os vestidos muito coloridos e maquiagens pesadas davam o toque de ‘máscara’ para todos nós, passar por aquelas paredes ia ser fácil demais, o difícil era achar a porta.
O castelo já tinha seguranças normalmente, mas com essa super festa, os olhos e ouvidos dos homens de preto e gravata estaria mais atento que nunca, e o lugar era realmente um castelo, então portas e câmaras secretas estavam por todo o lado como bordados e gatos na casa dos avós.
Passamos no detector de metais e revistaram nossas bolsinhas minúsculas, nem que quisesse poderia levar mais de um batom naquela coisa.
Sucesso!
Jéssica olhou para mim nervosa e eu retribui com um olhar confiantemente falso. Não queríamos nos separar, mas ver duas garotas juntas, abrindo e fechando portas por todos os lados, sem nenhuma companhia, levantaria suspeitas com certeza.
Nos entre olhamos e desejamos ‘boa sorte’ ao sussurro e nos dividimos, uma para a esquerda e uma para direita.
Passar entre as pessoas era fácil, o difícil era evitar os diversos stands de brincadeiras e mágica que se estendiam pelo salão principal. Todos ficavam ao redor para ver as atrações e muitos já seguravam taças e copos de vinho, champagne e whisky. A música alta obrigava todos a terem que gritar pra conversar.
Cortando caminho entre as pessoas, olhando para todos os corredores que o salão principal levava, tinha que escolher um para começar. Fui em direção ao corredor que levava até o pátio, talvez de lá já pudesse escolher mais de um lugar e ‘me perder’ de toda essa gente.
Tentando alcançar a entrada, não apenas os garçons e as pessoas dançando eram um desafio, mas o monte de homens que pegavam em minha mão e tentavam me puxar pra uma dança ou uma conversa baforada com álcool. Me afastava o mais rápido possível, puxando minha mão depressa. Alguns brotavam na minha frente, me pegando pela cintura, e eu os empurrava para saírem do caminho. A música abafava os xingamentos.
Alcancei a saída do salão principal e o pátio estava bem mais arejado, com uma grama verde no centro e divisórias de vidro ao redor do pequeno gramado. Caminhei pelo corredor e entrei por um caminhado coberto, ali ainda era permitido para os convidados, então, nada de seguranças.
Subi uns degraus e cheguei em um corredor com alguns casais já conversando e ne aninhando nos cantos. Segui meu caminho até a única porta que havia naquele lado, fingindo ser uma ‘turista’, passeando pelo castelo.
Ao entrar por ela, vi uma escada longa que subia.
Na mosca!
Subi uma centena de degraus rotatórios rapidamente, positiva que o resultado seria direto para o terraço.
Mas tive uma surpresa.
A escada rotatória terminava, simplesmente terminava na metade, levando a lugar nenhum, deixando um espaço longo vazio com uma queda para o começo novamente.
Fiquei sem entender nada. Talvez fosse uma armadilha do castelo, essas construções antigas tinham muitas armadilhas escondidas para os tempos de guerra, talvez essa fosse para encurralar os inimigos e lhes dar apenas uma saída. Enfim não importava, tinha de voltar e sair.
Quando pensei em descer tudo novamente, já cansada pela ansiedade anterior, pensei em pular de onde estava para o começo de uma vez, não era tão alto assim e me economizaria tempo, e já que não havia ninguém, poderia pular de qualquer jeito e me recompor depois.
Assim que me preparei na beirada para pular, a porta se abriu com um baque enorme, e logo recuei para me esconder. A distância acima era razoável, mas era possível me ver da porta de entrada, e meu vestido não exatamente camuflado no escuro.
Sai da beirada, e me encolhi em um canto, rezando para que não fosse algum segurança que me avistou entrando.
“Hahahaha pare com isso” ouvi uma voz feminina meio lesada.
“Você adora quando eu faço isso” outra voz, mas masculina, também meio lesada.
Era um casal alcoolizado.
Eles subiam as escadas cambaleando e rindo alto.
Não sabia se iam subir até o topo, então fiquei paralisada esperando.
“Vem aqui” disse a voz masculina, e os passos pararam.
Só ouvi um tombo abafado na escada e um barulho de vidro se quebrando.
A respiração deles ficou ofegante e eu bloqueie o resto. Tinha que sair dali o mais rápido possível, o relógio já marcava 11h30 e eu tinha até as 6hrs no máximo para ter sucesso.
Mais um baque forte na porta. Fala sério.
“Quem está ai?” era uma voz grave e firme. Um dos seguranças desta vez.
Os passos eram fortes e subiam escada acima.
“Droga” ouvi o homem falando.
“O que pensam que estão fazendo aqui? Esse lugar não esta liberado para a festa, saiam daqui” bradou o segurança e o eco foi por toda a parte.
“Estamos saindo” disse a voz feminina, parecendo risonha ainda.
Ouvi os passos acelerados do casal saindo, mas não ouvi o do segurança.
Ele subia escada acima para verificar se havia mais alguém ali.
Tinha que pular assim que eles estivesse perto, assim poderia correr e me esconder e ele não teria tempo para me alcançar.
Os passos ficaram a meia distância de mim, e com os sapatos na mão, saltei.
Cai no pé da escada, a meio metro da porta, não tão suavemente quanto gostaria.
“Hey!” ouvi o segurança exclamar e descer apressado escada abaixo.
Levantei o mais rápido que pude, percebendo que havia torcido meu pé, e corri a toda velocidade que consegui porta afora.
Procurei algum lugar pra me esconder e nada, então refiz o caminho pelo corredor às pressas, passando e mancando entre as pessoas para o pátio.
Ao chegar, coloquei os sapatos novamente e me misturei as pessoas que estavam ali, secando o suor com as mãos e tentando andar calmamente como se estivesse apenas apreciando o lugar.
Vi o segurança aparecer arfando e olhando para todos os lados. Não poderia me reconhecer porque não viu meu rosto, então seria como procurar uma agulha no palheiro.
Pareceu frustrado e irritado, e seguiu caminho para o outro lado.
O acompanhei discretamente com os olhos e suspirei quando o vi indo embora.
Andei em direção a parede para me encostar e descansar o pé. Me encostei, relaxando a tensão das costas, colocando a cabeça pra trás e fechando os olhos por um segundo.
“Está fugindo de que?” perguntou uma voz masculina forte, mas gentil, bem próxima.
Quando abaixei minha cabeça para olha-lo e logo me desvencilhar de outro babaca, seu braço estava apoiado na parede, cercando meu lado direito e seu rosto a um palmo e meio de mim, com seus olhos muito verdes olhando pra mim, seu rosto com traços fortes, mas juvenis, com roupa social, mas sem o terno, com um sorriso de lado.
Fiquei, como se diz, sem fala por um instante.

(By Elize Blackmore)

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