sexta-feira, 22 de julho de 2016

Tomorrow is another day

Fui arrastado para dentro do covil do caçador pela blusa, quase sendo rasgada.
Ele se escondia em uma fenda na montanha, já que toda a caça que fazia por ali era ilegal e não podia ser encontrado.
Ele não precisou me amordaçar, não importava o quanto eu gritasse, não havia nada e ninguém a léguas de distancia.
Arrastado escada a baixo, tentei me desvencilhar da mão enorme que me agarrava o braço, mas a gigante salamandra verde que ele tinha chamada Joanna, sibilava para mim ameaçadoramente. McLeach, o caçador, me encostou na parede e puxando facilmente uma corda do seu balcão, me amarrou com as mãos para trás, machucando meus pulsos pela força, e me arrastou para me sentar em um casco de tartaruga que usava como cadeira.
O casco de uma tartaruga jovem…. estava vazio.
McLeach me encostou na parede, de costas para um mapa grudado bem grande da região . Eu olhei em volta e reconheci as localidades naqueles lugares como a palma da minha mão. Enquanto alguns conheciam muito bem cada mata para caçar, alguns conheciam muito bem para salvar a todo o custo. Ele começou a esquentar um grande caldeirão de água em sua lareira que servia de fogão. O lugar era mofado, sujo, apertado e frio, coberto de cascalho de pedras, e com poucos utensílios domésticos. Indo até uma gaveta, ele pegou três facas enormes.
-Vamos ver o que podemos fazer para refrescar essa sua… memória enferrujada.
Meu coração congelou, e a tremedeira ficou ainda mais visível.
McLeach me sequestrou no meio do caminho para casa, quando viu o presente que havia acabado de ganhar: Uma pena dourada gigante, da águia que havia libertado de uma armadilha e passei a amar tão rápido, chamada Marahute. McLeach estava atrás dela a meses, já que era uma espécie ameaçada de extinção e haveria muito dinheiro envolvido em empalhar, despenar, vender para zoológicos internacionais…
Ele sabia que eu sabia onde era o ninho e onde ela descansava, e eu também sabia que se dissesse algo, a mataria e me arrependeria disso pro resto da vida.
-Será que ela está na Serra Satã… - McLeach falou alto e arremessou a faca em minha direção com força.
A faca furou bem na localidade da serra no mapa atrás de mim, e o meu coração quase saia pela boca e eu tinha certeza que estava pálido como um ovo.
-Ou no Canyon do pesadelo? - arremessou outra faca que pousou ainda mais próxima de mim.
Eu quase suave frio agora.
-O que acha joanna? - ele se virou para seu bichinho de estimação, que se banhava em uma bacia de água morna e sibilava em resposta. -é… é isso! Deve estar bem ali no meio, na cascata dos crocodilos não?
Eu conhecia o mapa, se o Canyon estava a minha esquerda, então o cascata estava um pouco a cima da minha cabeça. Eu olhei para os lados rapidamente, travando de medo.
Ele arremessou a faca com força, e eu baixei por reflexo e ela passou ainda muito perto de mim, senti sua lamina soar em meu ouvido antes de furar a parede.
-Estou ficando quente? - falava com um olhar vidrado em mim, com um sorriso maléfico.
Tentando parar de tremer e fazer minha voz sair controlada, respondi:
-Eu já disse, eu não me lembro.
-Será que vc não sabe que uma ave daquele tamanho vale uma fortuna? - ele avançou para cima de mim, empunhando a ultima faca e cravou ela a milímetros do meu rosto e quase colou seu nariz com o meu.
-Uma criança como vc, não vai receber oferta melhor do que a minha. - disse com hálito de bebida e falta de pasta de dente, sorrindo como lunático.
Ele prometerá me deixar ir e 50% do valor de Marahute se dissesse onde que ela estava e seu ninho. A prepotência de um caçador ilegal é revoltando, mas de McLeach superou todos os babacas que já tinha visto, e aquela oferta me ofendia juntamente com a raiva de estar impotente diante disso. Mas com o triunfo de apenas eu ter a informação que ele precisava, respirei fundo, com raiva no olhar.
-não tem dinheiro nenhum depois que os guardas te pegarem. - disse firme, franzindo a testa e segurando o olhar para não demonstrar meu medo.
O sorriso desapareceu e a raiva emergiu.
Ele soltou a faca perto do meu rosto e a deixo lá, se afastando gradualmente de mim, encurvado e com os punhos cerrados. Ele foi até o caldeirão com a água já fervendo e borbulhando.
Fiquei olhando firmemente para ele, imaginando se não ia me torturar jogando a água em mim ou colocando meus dedos, não sei! Tudo passa pela cabeça de alguém com medo.
McLeach rosnou em frente ao fogo e gritou alto de raiva, chutando o caldeirão com toda a força com o pé, fazendo respingos de água irem para todos os lados e a água se esparramar no chão com muito vapor. Joanna se assustou e se encolheu dentro da bacia.
Tremendo ainda, e respirando o mais silenciosamente possível, sabia que aquele cativeiro ia ser longo, porque nenhuma das partes ia ceder.

- By Elize Blackmore 
(releitura de Bernardo e Bianca II)

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