segunda-feira, 18 de março de 2013

Don't worry child


Meus sorrisos estavam realmente sinceros, e a alegria de estar com meus amigos, pessoas tão especiais e amadas pelo meu coração, encheu minha alma naqueles poucos dias. Eu chorei e sorri, ri e ajudei... Pareceu muito mais do que realmente foi a curta viagem. De tempo e distancia.
Até os últimos momentos foram excelentes. Ao correr para comprar a passagem de volta, todos seguindo uns aos outros, desajeitados, um até com os pés descalços, o que rendeu muitas risadas. A correria foi grande.
Eu não queria ir.
Abracei e olhei para eles várias vezes antes de me despedir e salientar que logo eu iria voltar.
Ao pisar no primeiro degrau do ônibus de volta... eu queria voltar ao momento que estava pisando no mesmo degrau para chegar.
Sentei na poltrona e as lágrimas rolaram sem eu esperar e sem nem mesmo eu pensar que aconteceria. E foi assim as 2hrs seguintes.
Milhões de coisas passaram em minha mente, muitos dos passageiros olharam pra mim com interrogações claras em seus olhos, mesmo eu chorando baixo, e sem soluços. Não gosto de chamar a atenção.
O ônibus logo apagou as luzes e tudo ficou escuro. E eu notei que me sentia assim também, totalmente escura, sem nada a vista, apenas a triste realidade de que teria que voltar a todos os meus problemas, as mesmas paredes do trabalho, do técnico, de casa...
Eu me senti completamente sozinha.
A escuridão da estrada e do interior de ônibus estavam refletindo exatamente como eu me sentia. Escura, sem esperança, sozinha, tudo nublado pelas lágrimas salgadas que rolavam sem ruídos.
Não estava desesperada, mas estava muito angustiada com a realidade que martelava em minha mente, dizendo: Vc não pode sair disso, essa é sua vida. A voz mais gozava de mim do que me conscientizava e aquilo era ainda mais duro.
Então... as luzes individuais dos pedestres se acenderam, pequeninas luzes amarelas. Muitos desligaram as suas, mas a passageira a minha frente, deixou uma acessa, provavelmente para iluminar sua pequena menina que a acompanhava.
Eu senti um leve conforto.
Aquela luzinha miserável, que não conseguia iluminar muito mais dos que os próprio passageiros abaixo dela, me fez notar uma pequena lasca de esperança. Havia uma luzinha afinal, dentro disso tudo, que se destacava em meio a escuridão, que poderia iluminar nada a frente, mas onde vc pisava pelo menos.
Ainda tinha esperança, ainda não estava acabando... a dor era insuportável e irreversível, mas havia alguma coisa, alguma coisinha pequenina que ainda valia, eu só precisava descobrir o que era, mas a simples ideia de existir algo, já estava melhor do que a uns minutos atrás.
As lágrimas só pararam quase 2h30 depois que começaram, e até minha cabeça doía de tanto limpa-las e assuar o nariz escorrendo.
A luz ficou acessa a viagem inteira depois de ligada, e foi bom... afinal, o túnel parece realmente eterno, e a dor faz com que o tempo pareça que está mais lento, ou melhor, que ele parou, mas os passos podem ser bem devagar, bem lentos... mas vc ainda esta se movendo, demorando ou não, o final do túnel, sempre chega.

- by Elize Blackmore

Um comentário:

  1. Antes de mais nada, devo dizer que não acho palavras que descrevam o sentimento de ler algo assinado por Elize Blackmore. Muito obrigado por isso. <33

    Sabe, ainda me pergunto como seus textos podem se encaixar tão perfeitamente na minha vida.

    A sensação do túnel eterno, junto com a sua pequena luz, também eterna. A certeza que aquilo terminará, que um dia alcançara a pequena luz.

    Esperança. Acredito que seja esse a lembrança deste sentimento que esse texto me trouxe. <3

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