Meus sorrisos estavam realmente sinceros, e a alegria de
estar com meus amigos, pessoas tão especiais e amadas pelo meu coração, encheu
minha alma naqueles poucos dias. Eu chorei e sorri, ri e ajudei... Pareceu
muito mais do que realmente foi a curta viagem. De tempo e distancia.
Até os últimos momentos foram excelentes. Ao correr para
comprar a passagem de volta, todos seguindo uns aos outros, desajeitados, um até
com os pés descalços, o que rendeu muitas risadas. A correria foi grande.
Eu não queria ir.
Abracei e olhei para eles várias vezes antes de me
despedir e salientar que logo eu iria voltar.
Ao pisar no primeiro degrau do ônibus de volta... eu
queria voltar ao momento que estava pisando no mesmo degrau para chegar.
Sentei na poltrona e as lágrimas rolaram sem eu esperar e
sem nem mesmo eu pensar que aconteceria. E foi assim as 2hrs seguintes.
Milhões de coisas passaram em minha mente, muitos dos passageiros
olharam pra mim com interrogações claras em seus olhos, mesmo eu chorando
baixo, e sem soluços. Não gosto de chamar a atenção.
O ônibus logo apagou as luzes e tudo ficou escuro. E eu
notei que me sentia assim também, totalmente escura, sem nada a vista, apenas a
triste realidade de que teria que voltar a todos os meus problemas, as mesmas
paredes do trabalho, do técnico, de casa...
Eu me senti completamente sozinha.
A escuridão da estrada e do interior de ônibus estavam
refletindo exatamente como eu me sentia. Escura, sem esperança, sozinha, tudo
nublado pelas lágrimas salgadas que rolavam sem ruídos.
Não estava desesperada, mas estava muito angustiada com a
realidade que martelava em minha mente, dizendo: Vc não pode sair disso, essa é
sua vida. A voz mais gozava de mim do que me conscientizava e aquilo era ainda
mais duro.
Então... as luzes individuais dos pedestres se acenderam,
pequeninas luzes amarelas. Muitos desligaram as suas, mas a passageira a minha
frente, deixou uma acessa, provavelmente para iluminar sua pequena menina que a
acompanhava.
Eu senti um leve conforto.
Aquela luzinha miserável, que não conseguia iluminar
muito mais dos que os próprio passageiros abaixo dela, me fez notar uma pequena
lasca de esperança. Havia uma luzinha afinal, dentro disso tudo, que se destacava
em meio a escuridão, que poderia iluminar nada a frente, mas onde vc pisava
pelo menos.
Ainda tinha esperança, ainda não estava acabando... a dor
era insuportável e irreversível, mas havia alguma coisa, alguma coisinha
pequenina que ainda valia, eu só precisava descobrir o que era, mas a simples
ideia de existir algo, já estava melhor do que a uns minutos atrás.
As lágrimas só pararam quase 2h30 depois que começaram, e
até minha cabeça doía de tanto limpa-las e assuar o nariz escorrendo.
A luz ficou acessa a viagem inteira depois de ligada, e
foi bom... afinal, o túnel parece realmente eterno, e a dor faz com que o tempo
pareça que está mais lento, ou melhor, que ele parou, mas os passos podem ser
bem devagar, bem lentos... mas vc ainda esta se movendo, demorando ou não, o
final do túnel, sempre chega.
- by Elize Blackmore
Antes de mais nada, devo dizer que não acho palavras que descrevam o sentimento de ler algo assinado por Elize Blackmore. Muito obrigado por isso. <33
ResponderExcluirSabe, ainda me pergunto como seus textos podem se encaixar tão perfeitamente na minha vida.
A sensação do túnel eterno, junto com a sua pequena luz, também eterna. A certeza que aquilo terminará, que um dia alcançara a pequena luz.
Esperança. Acredito que seja esse a lembrança deste sentimento que esse texto me trouxe. <3