-Olá!
-Oi
-Merda de vida né?
-Nem me fale!
-Oi
-Merda de vida né?
-Nem me fale!
Hoje eu acredito que muitas coisas podem vir de algo
simplório.
Eu não planejava me destrancar, eu não queria viver toda
aquela ansiedade novamente, eu não queria andar de pernas pro ar sem chão... mas eu nem fiz questão de desviar
o olhar quando encontrei seus olhos tímidos, não fiz questão de não me
aproximar e saber seu nome e sair daquela sala bagunçada aquela noite sem saber
que dali pra frente, tudo seria diferente.
As conversas rolaram fácil, o diálogo era leve e tão
divertido. Já confessei que tentei ao máximo segurar todo o nervosismo que
senti ao te encontrar escorado no corrimão daquele grande prédio nos esperando?
Já confessei que sua calma e delicadeza de chegar até mim foi tão compreensiva,
que ao retirar por um momento para refletir a única coisa que consegui pensar
foi: ‘não acredito! Eu não estou com medo’... já te disse que isso foi uma
vitória enorme?
Naquele dia, e aqueles outros dias, eu sorri por sorrir.
Não sei como as coisas tinham acontecido tão rápido, mas muitas vezes é melhor não
perguntar por que.
Eu aceitava como fosse.
Lembra quando aquela garçonete daquele restaurante que
adoramos perguntou como eu estava sobre sua tão breve partida? Lembra que eu
respondi que ela não acreditaria na história? Era porque eu mesma não queria pensar em como eu ficaria quando vc fosse, e como seria o final da história.
Eu ainda tenho medo de escrever sobre isso, também
confesso. Porque eu não quero que tudo se torne lembranças azuis descartáveis,
eu não quero me forçar a esquecer seus gestos e suas gírias, eu não quero ter
que dizer pra mim não falar, não conversar.
Não quero não ter vc.
Queria que tivéssemos mais tempo entre o hoje e o amanhã, entre a despedida ao lado do carro, e o aeroporto lotado, para fazer tudo sem
pressa e poder ainda melhor, fazer tudo sem esse medo.
Mas eu igualmente decidi, eu vou tentar.
Seja com planos ou sem eles, com medo, com pressa, com
incerteza... seja como for, eu vou tentar. Porque eu já me escondi demais no
passado, e acabo achando que eu o deixo controlar meu futuro,
porque o único tempo que podemos ter certeza, é do que ficou pra trás, mas se
está lá atrás, é porque não deve mesmo fazer mais parte do futuro.
Eu também ouço em algumas das suas palavras rápidas, uma voz lá no fundo também pedindo para não ser machucado,
porque fomos, tão cedo.
Aqueles finitos dias que passamos fisicamente juntos, se
tornaram meu pequeno infinito numerado, e são eles e todos os outros que ainda estamos contando, que me fazem acreditar
sempre que teremos outros iguais e melhores.
Eu acredito, e afirmar isso é uma verdadeira vitória para
a eu de meses atrás.
Foram, são e serão esses dias que sempre vou agradecer,
porque independente do que acontecer, foram eles que salvaram meu coração, eu
sei disso.
Não gosto de como vc parece longe, mas adoro o quanto
tentamos ficar perto. Eu adoro o quanto estamos próximos, eu adoro o quanto confiamos um no outro, eu adoro as risadas e a discussões sem importância, eu adoro o ciúmes bobo que me deixa tensa, eu adoro nossos costumes, adoro nosso jeito juntos, eu adoro nossos planos, eu adoro as idéias, eu adoro suas surpresas, eu adoro... o conjunto de tudo que forma o vc para mim.
Como já dissemos, essa luta vale a pena.
Como já dissemos, essa luta vale a pena.
Com todo o folego da coragem que acho que reuni nesse tempo eu
realmente digo que me fez feliz e me faz feliz acreditar nessa história, e não
importa o que os outros digam, o que o passado grite, o que a insegurança e o
medo formulem, eu vou dar um passo à frente nesse escuro com a luz no fim do túnel.
Eu espero, eu acredito, eu oro, eu torço, eu planejo, eu
desejo, eu sonho.
Aquelas flores do parque público que parecem contar minha
vida em folhas e pétalas, dessa vez serão as testemunhas cor-de-rosa, não mais do choro e da dúvida, não mais de resignação, não mais
dos ‘por ques?’ e não mais das minhas expressões com olhos longe ao nascer do
sol, mas sim, de finalmente, uma esperança.
E no oitavo dia do décimo segundo mês, eu vou dizer:
“Nos vemos amanhã.”
(by Elize Blackmore, for you)
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