domingo, 22 de junho de 2014

Come what may

-Olá!
-Oi
-Merda de vida né?
-Nem me fale!

Hoje eu acredito que muitas coisas podem vir de algo simplório.
Eu não planejava me destrancar, eu não queria viver toda aquela ansiedade novamente, eu não queria andar de pernas pro ar sem chão... mas eu nem fiz questão de desviar o olhar quando encontrei seus olhos tímidos, não fiz questão de não me aproximar e saber seu nome e sair daquela sala bagunçada aquela noite sem saber que dali pra frente, tudo seria diferente.
As conversas rolaram fácil, o diálogo era leve e tão divertido. Já confessei que tentei ao máximo segurar todo o nervosismo que senti ao te encontrar escorado no corrimão daquele grande prédio nos esperando? Já confessei que sua calma e delicadeza de chegar até mim foi tão compreensiva, que ao retirar por um momento para refletir a única coisa que consegui pensar foi: ‘não acredito! Eu não estou com medo’... já te disse que isso foi uma vitória enorme?
Naquele dia, e aqueles outros dias, eu sorri por sorrir. Não sei como as coisas tinham acontecido tão rápido, mas muitas vezes é melhor não perguntar por que.
Eu aceitava como fosse.
Lembra quando aquela garçonete daquele restaurante que adoramos perguntou como eu estava sobre sua tão breve partida? Lembra que eu respondi que ela não acreditaria na história? Era porque eu mesma não queria pensar em como eu ficaria quando vc fosse, e como seria o final da história.
Eu ainda tenho medo de escrever sobre isso, também confesso. Porque eu não quero que tudo se torne lembranças azuis descartáveis, eu não quero me forçar a esquecer seus gestos e suas gírias, eu não quero ter que dizer pra mim não falar, não conversar.
Não quero não ter vc.
Queria que tivéssemos mais tempo entre o hoje e o amanhã, entre a despedida ao lado do carro, e o aeroporto lotado, para fazer tudo sem pressa e poder ainda melhor, fazer tudo sem esse medo.
Mas eu igualmente decidi, eu vou tentar.
Seja com planos ou sem eles, com medo, com pressa, com incerteza... seja como for, eu vou tentar. Porque eu já me escondi demais no passado, e acabo achando que eu o deixo controlar meu futuro, porque o único tempo que podemos ter certeza, é do que ficou pra trás, mas se está lá atrás, é porque não deve mesmo fazer mais parte do futuro.
Eu também ouço em algumas das suas palavras rápidas, uma voz lá no fundo também pedindo para não ser machucado, porque fomos, tão cedo.
Aqueles finitos dias que passamos fisicamente juntos, se tornaram meu pequeno infinito numerado, e são eles e todos os outros que ainda estamos contando, que me fazem acreditar sempre que teremos outros iguais e melhores.
Eu acredito, e afirmar isso é uma verdadeira vitória para a eu de meses atrás.
Foram, são e serão esses dias que sempre vou agradecer, porque independente do que acontecer, foram eles que salvaram meu coração, eu sei disso.
Não gosto de como vc parece longe, mas adoro o quanto tentamos ficar perto. Eu adoro o quanto estamos próximos, eu adoro o quanto confiamos um no outro, eu adoro as risadas e a discussões sem importância, eu adoro o ciúmes bobo que me deixa tensa, eu adoro nossos costumes, adoro nosso jeito juntos, eu adoro nossos planos, eu adoro as idéias, eu adoro suas surpresas, eu adoro... o conjunto de tudo que forma o vc para mim.
Como já dissemos, essa luta vale a pena. 

Com todo o folego da coragem que acho que reuni nesse tempo eu realmente digo que me fez feliz e me faz feliz acreditar nessa história, e não importa o que os outros digam, o que o passado grite, o que a insegurança e o medo formulem, eu vou dar um passo à frente nesse escuro com a luz no fim do túnel.

Eu espero, eu acredito, eu oro, eu torço, eu planejo, eu desejo, eu sonho.
Aquelas flores do parque público que parecem contar minha vida em folhas e pétalas, dessa vez serão as  testemunhas cor-de-rosa, não mais do choro e da dúvida, não mais de resignação, não mais dos ‘por ques?’ e não mais das minhas expressões com olhos longe ao nascer do sol, mas sim, de finalmente, uma esperança.
E no oitavo dia do décimo segundo mês, eu vou dizer:

“Nos vemos amanhã.”

(by Elize Blackmore, for you)

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