sábado, 10 de agosto de 2013

What hurt most

Eles me encontraram. Me acharam de novo. 

Um dos psicopatas, loiro, bem pálido, sorrio gritando para o outros: “Ela esta aqui, é ela” quando me viu por detrás dos estilhaços do vidro do carro em pedaços.
Minha cabeça estava com um corte que pingava escorria sangue pelo rosto, minha perna presa perto dos pedais e meu braço cheio de cortes dos vidros estourados.
Meu coração disparado.
Forcei meu corpo a se mexer e tive que arrancar minha perna daquele emaranhado de ferros, e alguns pedaços de pele ficaram por lá. Eu tinha que fugir, tinha que sair dali imediatamente. Eles estavam se aproximando, com armas e sorrisos medonhos.
-Vai, eu tento tirar ele dai. – disse Paulo, o único amigo que pulou dentro do carro comigo, o resto tinha fugido amedrontado. Ele falava sobre Vinicius, nosso motorista, mas não acho que havia mais jeito de ajuda-lo.
Não queria deixa-lo pra trás, mas eu sabia que não teria outra escolha. Desci e contornei o carro correndo. Havia um muro na lateral da rua que dividia a estrada de um matagal abandonado. Corri até ele, pulando o muro baixo e me perdendo entre as plantas, muito altas, espeças e aglomeradas.
Os ouvi me seguirem. Pelo menos não ira acontecer nada com Paulo.
Me joguei na terra úmida, agachada. Eles já estavam no matagal, esquadrinhando a mata, juntos na clareira, com armas na mão. Eu podia os ver entre as folhas, mas sabia que não me viam, então me movimentei bem devagar, para ficar mais longe o possível.

Eles não foram atrás de mim. Acho que sabem que não há comida por aqui e que terei que sair uma hora ou outra. Mas tenho que aguentar ao máximo até bolar um plano.
Sabendo que havia me afastado o suficiente, me dei um tempo para sentar e verificar meus ferimentos, estavam feios e sujos agora, o frio do dia nublado e congelante não melhorava as coisas. Ouvi um barulho calmo de água perto dali e o segui, feliz por poder saciar pelo menos a sede. Cheguei ao pequeno lago que estava rodeado de grama alta e fui com sede ao pote, colocando a água na boca. Só pude sentir meu lábio cortar, água salgada, e bem salgada. Provavelmente alguém tentou fazer um experimento químico aqui. Fiquei parada encarando meu reflexo se movimentar, porque sabia o que era melhor fazer, para não ter que me preocupar com infecções. Respirei fundo, e com um movimento vertical, me joguei no lago. Nunca nenhuma dor foi tão dilaceradora quanto a água salgada limpando minhas feridas, e segurar o grito foi ainda mais difícil. Eu passava o liquido pela feridas, e as lágrimas desciam, e o resto congelava com a temperatura baixa.
Levei algumas horas para sentir meus músculos novamente depois de me benzer.
Já era final da tarde e fui verificar se ainda montavam guarda e como faria para despista-los. Quando me aproximei novamente do local que estava mais cedo, os ouvi gritando com alguém e a uma voz feminina amedrontada respondia.
Era Fabiane. Eles a haviam pego.
Me escondi entre as plantas, querendo correr para resgata-la, mas sabia que ela também não queria que me encontrassem, então só pude a ver de longe, em pé, enquanto eles rodeavam o perímetro e gritavam com ela.
Não sei dizer se ela sabia que eu estava ali, mas pude a ouvi dizer com firmeza: “Não se preocupe, corra daqui, eu não vou contar onde vc está, fique tranquila” era uma mensagem, ela estava me protegendo.
Meus músculos ainda estavam duros e gelados, mais tudo ferveu de adrenalina quando os vi baterem em seus joelhos, ela cair e cravarem um pedaço de ferro em seu crânio com facilidade e ela cair como um boneco.
Minha respiração não saia, mas meu corpo me puxava dali. Eu corri com toda a velocidade, fazendo barulho para abrir caminho entre a mata. Eles me viram, mas eram mais lentos que eu e mais pesados. Encontrei uma mata mais fechada e densa e mesmo sabendo que conseguia sobreviver na selva, fiquei com medo de entrar ali, mas eu não tinha escolha, então comecei a avançar para qualquer direção.

Eles me acharam. Eu tenho que correr. Tenho que me esconder. Eles não podem me pegar. Tenho que fugir.

- by Elize Blackmore
(Narrativa de uma dos meus sonhos ultimamente)

Um comentário:

  1. Incrível poder de descrição e dramatização. Confesso que fiquei afoito pra saber o que aconteceria com a moça.

    Triste por ter tido um pesadelo desses, mas agraciado pelo ótimo texto. Curti muito mesmo

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