domingo, 22 de dezembro de 2013

The hostage - parte 1

Fui seguir pistas de locais cruzados com as cenas do crime de Damien e acabei abrindo os olhos e vendo algo totalmente diferente do armazém em que estava.
Devo ter apagado por umas 4 horas, porque Damien nao estava por perto quando acordei, só chegou quando sacudi com força as cordas a que estava presa. Totalmente atada aos braços e pernas da cadeira. 
-Finalmente, tive medo de ter te matado. Vc é fraquinha pra aguentar essas coisas né? Nunca se drogou antes? - disse ele quando entrou em cena, saindo da parte escura da casa onde estavamos. 
-Gosto do meu cérebro intacto pra pensar, evito qualquer coisas que o frite. - respondi esquadrinhado o local e percebendo que estavamos em um lugar novo, uma casa de familia, bem mobiliada e grande. 
Sabia que era de familia.... porque havia duas adolescentes amarradas no chão, amordaçadas, com lagrimas fazendo poças no chão, olhando pra mim com desespero.
Eu olhei pra elas, a adrenalina subindo a cada inspirada de ar.
-Calma! Eu vou ajudar vcs, não se preocupem. - eu tentei acalmar as garotas, deixando meus olhos firmes nelas.
Damien rio.
-Claro que vai! Vai ajudar sim... depois que alguém ajudar vc. - ele disse se ajoelhando na minha frente.
-Sabe muito bem pra quem eu trabalho e saiba que vão me achar e....
-Mas é exatamente isso que eu quero! Quero o doutorzinho bem na linha de frente quando chegarem aqui. - Agora Damien apertava meu rosto com as mãos, falando com uma voz esganiçada. Era sempre assim quando ele falava sobre Lloyd.
Ele me soltou e se afastou, indo até as meninas.
-Espera... para! O que vc quer saber? Fale o que vc quer? - disse me sacudindo ferozmente. -Só vai piorar sua sentença quando te predermos se fizer alguma coisa com elas. - eu disse, me balançando freneticamente na cadeira, gritando enquanto as garotas se encolhiam um ao lado da outra, tentando se proteger.
Damien olhou pra mim.
-Qual é a localização do QG da sua equipe? - ele perguntou virando-se pra mim, ainda perto das meninas.
Eu o encarei por alguns segundos.
-Para que quer saber isso?
Ele puxou uma das meninas que gritou abafadamente, cambaleando ao andar. Ele apontou uma arma pra cabeça dela.
-Onde? 
-Não sei! Eles nos levam com um furgão até lá, é tudo blindado e fechado, não tem como vermos o lugar!  
- Posso muito bem matar essa garota  já que não pode ser útil pra mim. -  ele disse aproximando a menina do corpo dele.
-Não! Não a machuque, seu problema é comigo! - eu me remexi mais pra inutilmente tentar alcança-lo.
Ele soltou a menina com um puxam de cabelo que a fez cair no chão com um estrondo, e indo até mim, ele virou o cano do revolver no meu rosto em uma pancada com força.
Senti o impacto do aço frio cortar minha bochecha e me dar uma dor de cabeça instantânea.
-Acha que é vc que eu quero sua vadia? Claro que não! Eu quero o Doutor! O louco que vcs ainda mantém na equipe. - ele disse, nao se exaltando, mas com muita raiva na voz.
-Louco? Uma matraca, sim, idiota, com certeza, mas o unico louco aqui é vc Damien, como ele sempre disse! - sabia que toda a atençao e ira dele tinha que ser voltada pra mim, assim ele não machucaria as duas garotas.
Ele rio e se ajoelhou pra ficar de frente pra mim, me encarando com seus olhos finos e negros.
-onde é esse maldito lugar? - Damien apontou a arma para meu joelho.
O tremor começou sem que eu pudesse conter.
-Solte essas meninas! Elas não tem nada a ver com isso, vc só irá... - mas antes que eu pudesse terminar, ele martelou meu joelho com o cabo da arma.
O impacto fez com que eu gritasse de dor.
-Se não me disser onde está, eu vou começar a machuca-las bem devagar. - disse ele, olhando de canto do olho para as elas, que tremiam o dobro de mim, com lágrimas de pânico rolando pelo rosto vermelho.
Eu tentava puxar o ar para os pulmões.
-Deixe... Deixe elas irem e eu levo vc até lá...! Mas solte elas primeiro. - arfando, tentava pensar em qualquer coisa para agir.
-não tem acordo. Ou vc me diz, ou eu mato elas, é bem simples. - Damien se levantou e apontou a arma para as meninas.
-Se eu disser ou nao, vc vai mata-las de qualquer jeito, não? Mas saiba que se mata-las, não vai conseguir nada de mim. - disse encarando-o firmemente, forçando cada músculo a ficar estável, engolindo a dor que tremia minha cabeça e queimava minha perna.
-não vai mesmo tentar a sorte? Pela vida delas? - disse com sua voz maçante.
-eu já ofereci o que vc quer, agora é sua vez de concordar. - tentei olhar rapidamente pela janela através das cortinas pra tentar me localizar, se visse uma única rua ou casa, já saberia imediatamente onde estava, mas mal conseguia enxergar a silhueta de Damien bem na minha frente pela escuridão.
Ele se inclinou para mim novamente e colocou a arma na minha barriga.
-Sabe como eu sei que vc vai me dizer de uma forma ou de outra? Quando eu começar a brincar com elas, vc vai gritar tudo que eu quero saber, e assim vou poder conseguir tudo que eu quero. - disse, afundando mais o cano. -Vc e o doutor... vcs trabalham com o cérebro, mas cedem fácil a essas coisas, acham que são pessoas boas só porque não matam com as mãos, mas matam indiretamente, como ele fez, e como vc vai fazer agora.
Minha respiração estava devagar e rápida ao mesmo tempo.
Eu não sabia o que fazer ou dizer... Damien estava certo.
Ele viu minha total falta de palavras, então sorriu sinistramente e olhou novamente as meninas.
-O doutor sempre diz que eu gosto de público não é? Que preciso de audiência para ver meu trabalho, então, espero que curta o show essa noite. - disse avançando devagar para elas.
Não iria adiantar, não fazia sentido e era completamente infantil, mas comecei a me mover de um lado para o outro, tentando virar a cadeira para outro lado, para ficar de costas para o 'show' dele. Não sabia se iria funcionar, mas precisava ganhar tempo. De acordo com a teoria do Lloyd. ele precisava de alguém para ver tudo dar os aplausos invisíveis.
Percebi que parou de caminhar e senti que ele me encarava, então me virou totalmente de frente novamente e acertou meu outro joelho, juntamente com um soco na barriga. 
Perdi todo o ar no mesmo momento.
Sentindo meus dois joelhos latejarem, meu rosto pingar e meus órgãos tentarem se reorganizar, ele sabia que eu não conseguiria mais me mexer. Eu não era como o Shea, não tinha músculos pra levar um surra.
Eu não conseguia nem gritar quando ele arrastou um das irmãs para longe da outra.
As lágrimas rolavam dos meus olhos agora, ardendo o corte do meu rosto e se confundindo com o sangue.
-Não faz isso seu desgraçado!
E com um estrondo forte da porta, eu apenas ouvi passos pesados vindo com rapidez.
-Ray? - sussurrei porque era tudo que conseguia fazer sair da minha boca e também não poderia gritar que havia federais na casa.
Os passos se apressaram em minha direção, e percebi que viam mais deles.
-Jane? Jane! - disse a voz forte de Ray quando ele me viu na cadeira da sala.
Ele se aproximou de mim com a arma na mão e eu apontei levemente para a garota no canto da sala, para ele pega-la primeiro.
-Lloyd desamarre elas, vou encurralar aquele maldito filha da mãe. - disse Ray saindo pelo corredor.
Ouvi os gritos da Erica e do Shea do lado de fora.
Lloyd foi até a menina e a desamarrou, dizendo que tudo ia ficar bem que agora ela estava a salvo. A garota tremia e dizia repetidamente 'pegaram minha irmã, ele pegou minha irmã'.
-Eles já foram atrás dele, sua irmã vai ficar bem, confie em mim. - dizia ele tentando ajuda-la a levantar do chão e ficar no sofá. -Eu sou médico, não se preocupe, vc vai ficar bem.
Ela sentou no sofá colocando os pés encima, respirando aos soluços, lágrimas caindo.
Lloyd foi até mim agora, levando meu rosto pelo queixo.
-Caramba... ele zoou com vc. - disse tirando as cordas das minhas mãos e desamarrando meus pés.
-Vc.... acha? - eu ainda estava recuperando o folego.
-Consegue levantar? Vou pegar alguma coisa na cozinha pro seu rosto. - disse se levantado pra ir procurar primeiro socorros.
Mas eu o segurei.
-Eu... não consigo levantar! Eu acho que... eu acho que ele deslocou o meu joelho. - me sentia tão patética pedindo ajuda daquele jeito, principalmente pro Lloyd.
-Tá... segura em mim que eu te coloco no sofá. - disse, colocando minha mão em volta do pescoço dele.
Eu ainda tremia muito e todo o corpo se remexeu com aquele movimento, parecia que eu ia quebrar ao meio.
Ele conseguiu me conduzir até o sofá e me colocou perto da menina.
-Vc... está bem? - perguntei olhando para ela.
Ela apenas fez que 'sim' com a cabeça, ainda tremula.
-Vou achar o primeiro socorros. - disse ele, virando-se novamente, mas seu o segurei pelo casaco de novo.
-Não precisa! Deixa, eu to bem! Só... não... deixa eu.... NÓS, aqui sozinhas por favor! - eu disse, idiotamente.
Ele me encarou por uns momentos com seus olhos azuis, assentiu com a cabeça e se abaixou ao meu lado.
Eu não sei porque fiz aquilo, mas peguei a mão dele e a segurei forte. Ele não disse nada, apenas apertou devolta.

Damien conseguiu fugir. Ele desceu até o porão, largando a menina e correndo para a rua pela segunda entrada externa.
-O perdemos de vista, ele saiu correndo pela rua e com essa escuridão não conseguimos ver nada. - disse Ray, voltando todo suado.
As irmãs se encontraram e se abraçaram com força, chorando e sentando no chão, agarradas até a ambulância chegar.
Eu havia mesmo machucado feio os joelhos e os médicos me deixaram enfaixada na traseira, com um curativo no rosto e uma aspirina.
-O que ele disse, queria alguma coisa? - Ray perguntou, com todos os 3 ao lado dele, olhando pra mim.
-Ele queria.... queria saber onde que no QG ficava, como me acharam?
-Rastreamento GPS pelo relógio que vc está usando. Acho mesmo que iamos deixar vc sair por ai pra pegar pistas sem algum localizador? - Ray parecia tranquilo, não feliz, apenas tranquilo de ver que eu não morri.
-E vc disse? - perguntou Shea.
-O que?
-Onde ficamos, onde nosso QG fica, vc disse? - perguntou Erica.
Eu sacudi a cabeça determinada.
-Não.
-Para que ele queria saber? Será que pretende ir até nós desse jeito? - perguntou Shea.
-Sendo ele, eu espero qualquer coisa. Tá, ele perguntou mais alguma coisa ou disse algo que possamos aproveitar? Sabe que pode me dizer, o que não faz sentido para vc, pode fazer todo o sentido pra mim. - Lloyd perguntou, sempre com aquele ar analítico.
Eu o encarei por alguns segundos, pensando sobre o que Damien havia dito de nós dois, que mesmo não sendo um gangster como o Shea, ou uma vingadora como a Erica, mas que também tinhamos as mãos sujas de sangue.
-Não. Nada.

(Inspirado na série Breakout Kings)

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